Todos os anos, cerca de 12 mil brasileiros são diagnosticados com câncer de rim. Assim como ocorre com outras neoplasias, existem diferentes tipos de tumores renais, além de a doença ser detectada em diferentes estágios, o que leva a protocolos de tratamento específicos para cada caso.
Eles podem envolver terapias diversas, sobre as quais falarei neste conteúdo. Confira e conheça os tipos de tratamentos que podem ser empregados.
Para os pacientes que têm doença localizada, ou seja, quando os tumores se encontram confinados ao rim, antes de se disseminarem para outras regiões, gerando metástases, a cirurgia é o tratamento primário. Além disso, aqueles com câncer renal medular, um subtipo raro da doença, podem receber quimioterapia após a cirurgia, o que chamamos de adjuvante.
Por outro lado, se o câncer se espalhou para outros órgãos, os pacientes geralmente recebem uma combinação de diferentes medicamentos de imunoterapia ou uma combinação de imunoterapia/terapia direcionada. A radioterapia pode ser usada para ajudar a controlar os sintomas e até retardar o crescimento das metástases.
Nos casos metastáticos, a cura, na grande maioria dos casos, já não é possível, por isso o protocolo usado visa retardar o crescimento do câncer. Porém, para uma pequena porcentagem dos pacientes, a combinação de terapias consegue curar a doença, com alguns pacientes não apresentando evidências depois de terem finalizado o tratamento.
Para pacientes idosos ou com comorbidades de saúde, é possível indicar a chamada vigilância ativa, principalmente se o tumor for pequeno. Com essa abordagem, o câncer é monitorado por meio de exames laboratoriais e de imagem. O tratamento só começa quando e se a doença avançar ou começar a influenciar no estado de saúde geral do paciente.
Os tumores confinados ao rim ou à área ao redor do rim, geralmente são removidos cirurgicamente. Quando isso ocorre, os cirurgiões buscam preservar o órgão o máximo possível, mas, em alguns casos, é necessária a remoção completa.
A boa notícia é que, com as inovações em saúde, hoje é possível realizar procedimentos cirúrgicos minimamente invasivos, feitos por meio de pequenas incisões no abdômen, na chamada cirurgia por videolaparoscopia ou com auxílio de plataformas robóticas controladas por um cirurgião.
As cirurgias tradicionais ou abertas, por sua vez, costumam ser realizadas apenas quando o paciente não é elegível para cirurgia minimamente invasiva, devido a aspectos específicos do câncer. Os dois principais tipos de cirurgia incluem:
– nefrectomia parcial: apenas a porção neoplásica do rim é removida, juntamente com uma margem de tecido saudável ao seu redor. Os candidatos à nefrectomia parcial são escolhidos com base na localização do tumor, problemas de saúde que podem afetar o resultado do tratamento e condição dos rins. A técnica é mais indicada para tumores com 4 centímetros ou menos de tamanho, mas pode ser feita em tumores maiores, quando possível;
– nefrectomia radical: neste procedimento, todo o rim, juntamente com o tecido adiposo circundante, é removido. Às vezes, a glândula adrenal e os gânglios linfáticos próximos também são retirados. Este tipo de cirurgia é normalmente realizado em pacientes com câncer mais avançado.
Outras técnicas minimamente invasivas usam calor ou frio para tratar tumores no rim, sem a necessidade de remover o órgão. Elas são ideais para tumores renais menores em pacientes considerados de alto risco para cirurgia.
A crioablação congela o tumor com o auxílio de uma sonda longa e fina inserida nele. Acompanhamento intensivo com raios-X ou outros procedimentos de imagem são necessários para garantir que o mesmo foi destruído.
A ablação por radiofrequência (RFA) é semelhante à crioablação, mas nesse caso, o calor é usado para destruir o tumor.
A terapia direcionada funciona interrompendo ou retardando o crescimento ou a disseminação do câncer. Isso acontece em um nível celular. As células cancerígenas precisam de moléculas específicas (geralmente na forma de proteínas) para sobreviver, se multiplicar e se espalhar.
As terapias direcionadas são projetadas para interferir ou atingir essas moléculas ou os genes causadores de câncer que as criam. Para o câncer renal, essas terapias são usadas principalmente em pacientes com doença metastática.
A maioria das terapias direcionadas para o câncer renal são inibidores da angiogênese. Trata-se do processo em que os tumores criam sua própria rede de vasos sanguíneos, permitindo que o câncer cresça. Os inibidores da angiogênese interrompem esse processo.
Outras terapias direcionadas para o câncer renal interrompem a divisão e a multiplicação das células cancerígenas.
Assim como na terapia direcionada, a imunoterapia não mata diretamente as células cancerígenas. Os medicamentos funcionam melhorando a capacidade do próprio sistema imunológico do paciente de eliminar o câncer.
A maioria das imunoterapias para câncer de rim são conhecidas como inibidores de checkpoint. Esses medicamentos ajudam as células imunológicas que combatem o câncer, chamadas células T, a montar uma resposta mais duradoura contra a doença.
As citocinas, incluindo a interleucina-2, estimulam o crescimento das células do sistema imunológico para combater o câncer. Eles são usados apenas raramente em pacientes com câncer renal avançado.
A maioria das quimioterapias tradicionais geralmente são ineficazes contra tumores renais, por isso atualmente não são usadas com frequência. Porém, a quimioterapia pode ser usada em casos de pacientes com câncer renal medular.
Os tumores renais não são muito sensíveis às formas padrão de radiação, mas as células renais saudáveis são. Por esta razão, a radioterapia padrão tem um papel limitado no tratamento do tumor renal primário.
Porém, no caso do câncer metastático, a radioterapia pode ser usada para ajudar a interromper o crescimento dos tumores que já atingiram outros órgãos, aliviar a dor e minimizar outros sintomas. Em casos raros, ainda podem ser indicados radiocirurgia estereotáxica e terapia de prótons.
Espero que este conteúdo tenha sido esclarecedor para você. Confira agora o artigo que fala sobre o que faz um oncologista clínico!